Vítima de agressões por quase quatro décadas, dona de casa denuncia o agressor e encontra apoio no Projeto Raabe
Com os olhos marejados, a dona de casa O. S., de 57 anos, folheia a sua pequena agenda com relatos tristes de um tempo que, depois de muito sofrimento, ela deixou para trás. "Eu me sentia muito culpada. Para os amigos e a família, nós éramos o casal 20."
Durante os 37 anos em que foi casada, O. S. sofreu imaginando que o problema estava com ela, que era vítima de um agressor que um dia prometeu amá-la e protegê-la. Eram agressões físicas, verbais e emocionais.
"As agressões começaram quando parei de concordar com tudo. Eu nunca tive coragem de dizer nada para ninguém; naquela época, a mulher zelava pela reputação do homem e mulher separada não era bem vista. Porém, há 7 anos eu me separei. Mas refiz o meu casamento após 2 anos, por acreditar na mudança do meu marido. A questão é que ele estava ainda mais agressivo", recorda.
Décadas de violência fizeram muito mal à saúde da dona de casa, que tomou a decisão definitiva de mudar de vida. "Eu tinha problemas neurológicos que, clinicamente, não tinham explicação. O neurologista e o psiquiatra concluíram que eram de fundo emocional."
Segundo O. S., ela decidiu dar um basta na violência quando, mesmo acamada durante quatro meses devido a um acidente, continuou sendo agredida. "Denunciei o meu marido e faz 2 meses que o oficial de Justiça o tirou da minha casa. Ele não pode falar comigo nem se aproximar. O Projeto Raabe é muito importante para as mulheres. Se ele já existisse há alguns anos, eu não teria passado por tudo que passei", afirma.
Iniciativa pioneira
Com o objetivo de auxiliar mulheres com histórias como a de O. S., o Projeto Raabe foi criado, buscando apoio e a criação de políticas públicas que auxiliem a mulher vítima de violência doméstica, cujas consequências físicas e psicológicas são inúmeras.
A psicóloga forense Eliane Mara Estevão de Matos, 47 anos, ressalta a importância do projeto e explica que o pior trauma está ligado à autoestima. "Essa iniciativa é formidável. A delegacia faz o seu papel, mas a mulher fica desamparada, isolada, não sabe para onde ir, a quem recorrer. Aqui ela pode encontrar esse aconchego, esse apoio e esse direcionamento", conclui.
Vem aí a segunda Caminhada "Rompendo o Silêncio". Participe!
No dia 24 de novembro, será realizada a 2ª passeata "Rompendo o Silêncio" em todos os Estados brasileiros. Em São Paulo, começa às 12h no Largo 13 (Praça Floriano Peixoto) e termina na Avenida João Dias, 1.800, Santo Amaro, às 15h.
fonte: arcauniversal
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