segunda-feira, 26 de novembro de 2012

"Rompendo o Silêncio" mobiliza mulheres contra a violência doméstica

Caminhada realizada por membros da IURD fez protesto e alertou quem sofre agressão ou já passou por qualquer tipo de abuso

Por Débora Ferreira / Fotos: Demétrio Koch e André Moura
debora.ferreira@arcauniversal.com

Aconteceu no início da tarde deste sábado (24), às 13h, em São Paulo e outras regiões do País e no exterior, a II Caminhada “Rompendo o Silêncio”, idealizada pela escritora Cristiane Cardoso. Coordenada pelo Projeto Raabe, que tem como responsável a escritora Carlinda Tinôco Cis, a ação que mobilizou milhares teve como objetivo alertar, auxiliar e resgatar mulheres vítimas de qualquer tipo de violência doméstica por meio de ensinamentos e orientação sobre o tema.

Além das voluntárias do Raabe, o evento também contou com o apoio de outros grupos, entre eles oGodllywood, Instituto Ressoar, Associação das Mulheres Cristãs (AMC) e Força Jovem Brasil (FJB).

A largada, que aconteceu no Largo Treze de Maio, na zona sul da capital paulistana, contou com a presença de milhares de pessoas, entre elas vítimas de maus tratos, mulheres que já passaram por essa situação e até aqueles que entraram nessa ação apenas com a intenção de apoiar a causa e encorajar as vítimas a buscar um fim para tamanho sofrimento.

Logo no início da caminhada, todas as voluntárias seguraram rosas e foram distribuindo pelas ruas convidando os pedestres e motoristas a se unirem à causa. 

Com cerca dois quilômetros de percurso, o dobro da primeira edição realizada em dezembro do ano passado, a mobilização seguiu até o Cenáculo do Espírito Santo, na Avenida João Dias, onde todos puderam acompanhar palestras, peças de teatro com temas relacionados e atendimento profissional, como advogados, assistentes social e psicólogas.

O ciclo de apoio no Cenáculo começou às 15h com a mestre de cerimônia e apresentadora da Rede Record, Tina Roma, que exibiu um vídeo sobre o projeto Raabe. Em seguida, a palavra foi concedida à delegada Rosmary Corrêa (foto). Ela ressaltou que a violência é uma bola de neve e nunca diminui, começa com uma palavra agressiva, empurrão, tapa e até chegar a uma facada e à morte. “Quero deixar um pedido: mulher, cada vez que vocês encontrem alguém que sofra algum tipo de agressão doméstica denuncie, só assim podemos ajudar quem precisa”, explica.

Além da presença de Rosmary, foram abordados assuntos relacionados diretamente à vida a dois. “O amor nunca fere. Em um relacionamento amoroso não há violência”, alerta o apresentador do programa The Love School – A Escola do Amor, Renato Cardoso.

Segundo sua esposa, a escritora Cristiane Cardoso, quando há amor próprio a violência não progride, pois, muitas vezes, o fato se inicia porque a mulher não se valoriza. “Jesus dá muito valor à mulher, mas a há quem não acredite”, completa. Ela ainda diz que as mulheres têm qualidade que os homens não possuem, como o dom de ser mãe, delicada e dócil.

“Até mesmo você que teve algum trauma, tenha a certeza da sua força, pois você está em pé. Então, olhe para frente, não seja vítima do passado. Quando a mulher expõe o que aconteceu é mais fácil”, finalizou. 

De vítimas a incentivadoras

“Há 14 anos eu sofri violência sexual e física do meu ex-marido. Ele me espancou, mas eu, naquela época, tomei forças para denunciá-lo e colocar um ponto final no nosso relacionamento”, conta a recepcionista Elaine Segura, de 38 anos de idade, durante o início da passeata. Segundo ela, sua vida se transformou de verdade quando ela procurou a igreja para se livrar de toda mágoa. “Depois que conheci a Deus, o perdoei. Não voltamos, mas tudo mudou para mim”, diz.

Além dessa, muitas histórias fazem parte da vida de inúmeras mulheres. “Na minha adolescência, 24 anos atrás, voltando de um baile, dois rapazes me abordaram, mas não entendi o que iria me acontecer. Foi terrível, eles tamparam a minha boca, vendaram meus olhos e me levaram para o meio do mato”, chora a chefe Ediana Veiga da Silva, de 41 anos (foto ao lado).

De acordo com Ediana, ela se lembra da situação como se fosse hoje. “Mas minha vida mudou. Hoje sou casada, tenho filhos. Hoje se choro é de emoção. Por isso, digo a todas as mulheres, confie em Deus”, aconselha.

fonte: arcauniversal

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