segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Mulher V - Ela é boa

Durante esta semana, publicaremos trechos do livro "Mulher V", de Cristiane Cardoso, para que sirvam para reflexão

Por Cristiane Cardoso (*)
redacao@arcauniversal.com




"Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida"

Provérbios 31:12



Todo mundo quer ser feliz. Todo mundo busca por algo que lhe traga felicidade. Mas nem todo mundo sabe o quanto a felicidade depende da própria pessoa. É comum ouvir uma mulher solteira dizer que quer muito se casar um dia e ser feliz, mas você não vai ouvi-la dizer que quer muito se casar um dia só para fazer um homem feliz.

Só se importa consigo mesma, com a sua própria felicidade, os seus próprios planos e desejos, a sua própria vida. Ninguém quer admitir, mas quando os problemas vêm, fica bem claro que só nos preocupamos conosco mesmas. E fica difícil engolir o orgulho e simplesmente mudar.

A Mulher V faz bem a todos à sua volta. Ela não lhes traz vergonha, não lhes causa problemas, e não lhes faz qualquer mal.

Muitas mulheres não entendem o que significa a verdadeira amizade. Pensam que é ter alguém com quem conversar, alguém com quem desabafar, alguém com quem contar; mas, na verdade, é exatamente o contrário: trata-se de ser alguém com quem conversar, alguém com quem as pessoas podem desabafar quando precisam; enfim, ser alguém com quem os outros podem contar.

É por isso que as pessoas ficam tão desapontadas com a vida. Ficam esperando que os outros façam o que elas deveriam estar fazendo. É tão mais fácil pôr a culpa nos outros... Já perdi as contas de quantas vezes ouvi as pessoas dizerem: “Não existem amigas de verdade”, “Não conte com ninguém, pois ninguém se importa com você” e “As pessoas são todas iguais”.

Sempre que ouço as pessoas dizerem que não têm amigos, imediatamente chego à conclusão de que elas mesmas não são amigas de verdade. Quando você se comporta como uma amiga de verdade, ganha amigos. Caso contrário, não ganha nada.

Provérbios 31:12 não diz que ele lhe faz bem primeiro para que, então, ela lhe faça bem todos os dias da sua vida. O versículo só fala que ela lhe faz bem, com um propósito. A Bíblia está revelando como uma mulher como eu e você pode ser virtuosa. Devemos primeiro ser para as outras pessoas aquilo que queremos que elas sejam para nós. Dar o que queremos receber. Fazer o que esperamos que os outros façam.

Uma vez alguém me fez uma pergunta complicada sobre amizade. Ela havia descoberto que o marido de sua melhor amiga a estava traindo, e a amiga nem desconfiava. Ela me perguntou se deveria contar a verdade e, assim, partir o seu coração, ou se deveria simplesmente deixar que ela descobrisse por conta própria. Eu então lhe perguntei o que gostaria que sua amiga fizesse se ela fosse a pessoa traída.

É tão mais fácil lidar com as pessoas ao nosso redor quando nos colocamos no lugar delas. O que gostaríamos que as pessoas fizessem ou dissessem? Como gostaríamos que elas se comportassem? Então é exatamente isso o que devemos fazer!

Se você ouviu uma fofoca sobre sua amiga, não vá correndo lhe contar sem se importar com as consequências. É melhor não saber que alguém não gosta de você. A amiga de verdade lhe poupa de fofocas e informações desnecessárias que podem fazer com que você guarde mágoa em seu coração. Mas se há uma informação que ela realmente precisa saber, mesmo que ela fique chateada, você deve ser amiga o bastante para lhe contar, e estar preparada para confortá-la e encorajá-la a tomar a decisão certa. A mulher sábia sabe bem a diferença entre uma fofoca boba e um assunto sério.

Muitas pessoas fazem bem aos outros com a intenção de receberem algo em troca. Se fazem o bem para serem reconhecidas ou para receberem algum tipo de recompensa, na verdade não estão fazendo bem a ninguém, mas sim visando os próprios interesses. A Mulher V faz bem porque se importa com os outros, não consigo mesma.

Ela dá pelo simples prazer de dar, não pelo prazer de receber mais tarde. Ela é uma amiga de verdade até para as pessoas que não gostam dela. A sua bondade não depende da bondade dos outros... O que parece ter virado moda nos dias de hoje.

Lembro-me de aconselhar duas mulheres casadas que compartilhavam uma pequena casa com seus respectivos maridos. Ambas eram missionárias na África e não tinham qualquer relação uma com a outra; eram apenas colegas de ministério. A princípio, o problema delas parecia ser causado pela falta de diálogo. A casa mais parecia um hotel. Elas saíam de casa bem cedo, passavam o dia inteiro na igreja, voltavam bem tarde e iam direto para a cama. Não havia comunicação entre elas, o que as levou a tirar conclusões erradas uma da outra.

Quando comecei a perguntar como se organizavam em relação à comida e à limpeza, elas rapidamente responderam que não tinham qualquer problema com comida ou limpeza porque cada uma tinha o seu próprio espaço na geladeira e nos armários, e cada uma tinha o seu próprio dia de limpeza. Basicamente, elas faziam tudo separadas, incluindo a comida, ao ponto de jogarem o lixo em lixeiras individuais na cozinha.

Elas viviam vidas separadas dentro da mesma casa, e nem se davam conta de que ali estava a raiz de seus problemas. Estavam tendo dificuldades de se tornarem amigas porque não estavam fazendo o que as amigas fazem. Amigas compartilham. Amigas ajudam umas as outras. Amigas não separam a comida na geladeira com etiquetas com seus nomes!

Quando lhes perguntei por que faziam isso, uma delas me disse que era porque as coisas já eram assim quando ela passou a morar com a outra, então só seguiu a rotina da casa.

Ou seja, ela deixou de fazer aquilo que achava ser certo para seguir as limitações da outra. Parou de fazer bem aos outros só porque estava morando com alguém que não estava a fim de retribuir a bondade dos outros.

Jamais devemos depender dos outros para fazer o bem; caso contrário, nunca vamos conseguir. Devemos fazer o bem independentemente do que os outros fazem ou deixam de fazer.

Após terem seguido o meu conselho de fazerem compras, cozinharem e limparem juntas, o relacionamento delas acabou se transformando em uma boa amizade e deixaram de viver como estranhas dentro de casa. Elas até deixaram de sentir saudade de suas famílias e amigos em seus países de origem porque tinham aprendido a construir uma família para si mesmas.

Mal amada e sem graça

Lia casou-se com Jacó contra a vontade dele. E, após uma semana, ele se casou com o seu verdadeiro amor, Raquel, fazendo de Lia a esposa negligenciada. Bem, além do fato de sua irmã mais nova ser mais bonita, Raquel também tinha o coração de seu marido.

Deve ter sido muito difícil para Lia suportar um casamento em que se sentia excluída e sem amor; um peso desnecessário. Mas, mesmo em meio a todo aquele sofrimento, Lia nunca deixou de amar Jacó e, por causa disso, Deus lhe abençoou com muitos filhos.

A cada filho que tinha, Lia louvava a Deus e ficava na esperança de que Jacó começasse a amá-la mais. Mas, por um bom tempo, ele não o fez.

Raquel era completamente diferente de Lia, apesar do fato de ter o amor exclusivo de seu marido e de ser mais bonita. Ela não temia a Deus. Vivia competindo com sua irmã mais velha, como se houvesse algo para competir. Tudo o que Lia tinha eram os seus próprios filhos e, ainda assim, Raquel invejava o pouco que tinha.

Lia tinha todos os motivos para desprezar Raquel, mas fez exatamente o contrário. Lia tinha um bom coração; foi ela quem deu à luz Judá, em cuja linhagem o nosso Salvador, o Senhor Jesus, nasceu.

Quando Lia morreu, foi sepultada no túmulo da família em Hebrom, ao lado de Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Jacó. Quando Raquel morreu dando à luz, foi sepultada no caminho de Belém. O fato de a Bíblia mencionar este pequeno detalhe revela muita coisa sobre essas duas mulheres. Ambas eram casadas com Jacó, o escolhido de Deus, mas apenas uma delas, a que não tinha muitos encantos, a quem Jacó amava menos, foi a verdadeira escolhida de Deus.

A que tinha tudo, afinal, não tinha nada! A que não tinha nada, na verdade, tinha tudo. Lia era uma boa mulher, ela admirava seu marido mesmo sem ser amada por ele. Ela não se voltou contra Deus por causa de seus infortúnios, ao contrário de Raquel.

Lia era uma Mulher V, e se Jacó tivesse lhe dado o amor que lhe era devido, ele teria sofrido menos na vida. Lia também se colocou no lugar de Jacó, e entendeu por que ele não a amava tanto quanto Raquel, mas isso não a impediu de dar a ele o seu amor. Ela apreciava tudo o que ele lhe dava, por menor que fosse. E, em vez de fazer o que algumas mulheres fariam em seu lugar, continuou lhe agradando, independentemente do quão indesejada ele a fazia se sentir.

A Mulher V é boa, independentemente de quem seja bom ou não.

Muitas esposas caem na armadilha de fazerem algum bem aos seus maridos somente quando eles lhes fazem bem primeiro. Frequentemente ouço essa mesma história quando estou aconselhando mulheres casadas.

 “Meu marido não atende às minhas necessidades...”, “Meu marido não me entende...”, “Meu marido não me ajuda...” Eu, eu, eu... Sempre eu. Sei exatamente como elas se sentem porque passei por isso no início do meu casamento e, assim como elas, sempre reclamava de algo que meu marido não havia feito para mim.

Tudo girava em torno das minhas necessidades. Eu ficava em casa durante a maior parte da semana e, quando ele estava em casa, queria descansar, enquanto eu queria passear. Eu me sentia enjaulada dentro da minha própria casa. Meu marido, porém, via a nossa casa como um lar confortável onde podia relaxar. Ele passava a maior parte da semana na igreja e, por isso, a casa era sinônimo de descanso para ele.

Mas eu não o deixava descansar. Eu seria capaz de perturbá-lo o dia inteiro se fosse preciso – se não fosse com palavras, seria com atitudes. “Eu não vou cozinhar sábado à noite! Cozinhei a semana toda, estou cansada!”

Enquanto eu me concentrava na minha necessidade de ser apreciada por ele, não percebia as necessidades dele, e pior: o criticava por isso! Não é de espantar que tenhamos enfrentado tantos problemas nos primeiros anos de nosso casamento. Só éramos um casal feliz quando as coisas eram feitas do meu jeito – nós mulheres somos mestras nisso. Se as coisas estão do jeito que queremos, estamos felizes. Se não estão, ficamos rabugentas e queremos que todo mundo saiba. Enquanto isso, os maridos simplesmente toleram, se rendem, ou então se fecham completamente. Meu marido se fechava. Ele me dava o tratamento do silêncio.

Nem nos damos conta de que enchemos a paciência deles quando reclamamos ou tentamos explicar o porquê de estarmos chateadas. Reclamamos porque pensamos que se não formos ouvidas, as coisas não vão mudar; e se não falarmos sem parar, achamos que eles não vão fazer nada a respeito. Mas será que ainda não aprendemos que não é bem assim? Encher a paciência, reclamar ou explicar os nossos motivos (chame como quiser) não muda as coisas.

As coisas só podem mudar quando nós começamos a mudar. Quando paramos de pensar em nossas necessidades e começamos a pensar nas necessidades de nossos maridos, um milagre acontece: nossos maridos começam a mudar sem que precisemos dizer uma palavra!

Foi exatamente o que aconteceu comigo. Após passar anos orando e usando todos os métodos de manipulação possíveis, decidi mudar. Parei de exigir que ele me agradasse e passei a suprir as necessidades dele. Se ele quisesse ficar em casa, eu ficava em casa com prazer, sem aquela típica cara emburrada. Eu sentava ao seu lado e assistia o canal de futebol favorito dele, mesmo sem ter o menor interesse. Ele me perguntava o que eu queria fazer naquele dia e, em vez de impor a minha vontade, eu dizia: “Vamos fazer o que você quiser hoje.”

Não vou mentir e dizer que esta mudança foi fácil, mas foi absolutamente executável. Eu fiz, e não demorou muito para que meu marido começasse a fazer as coisas que antes eu tinha de implorar-lhe para fazer – só que desta vez não precisei dizer uma palavra sequer! Por vontade própria, ele me levava para passear, e ainda escolhia um filme que ele sabia que eu iria gostar.

Eu mudei e, então, ele mudou. Esta sempre será a ordem das coisas, seja no casamento ou na família – você muda primeiro.

Não espere que seu marido ou sua mãe, pai, filho ou chefe mude para que você possa mudar. Torne-se uma pessoa melhor, trate-os do jeito que você gostaria que eles a tratassem. Faça-lhes bem todos os dias, não apenas por uma ou duas semanas. No início, talvez achem suas atitudes suspeitas, e até duvidem de suas verdadeiras intenções, mas depois que perceberem que você mudou mesmo, não terão outra escolha a não ser mudar também. Como meu marido sempre diz, o holofote vai ficar em cima deles.

E o mais interessante de tudo é que qualquer uma pode fazer isso!

Aqui vão umas dicas que poderão ajudá-la a começar:

• Ponha-se no lugar da outra pessoa e você saberá exatamente o que ela, ou ele, quer de você.

• Não demore para fazer pelos outros o que você pode facilmente fazer hoje.

• Se o que você vai dizer não for necessário ou vai machucar o coração de alguém, ou abalar a sua fé, então não diga.

• Se você tem algo de que não precisa e conhece alguém que está realmente precisando, então dê.

• Você não precisa ter sempre uma palavra para dizer, mas você deve ter sempre ouvidos para ouvir.

• Faça o que aquela pessoa quer de você, e não o que você sente vontade de fazer por ela.

Leia novamente:

 “Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida” Provérbios 31:12

Todos os dias de sua vida. Não apenas hoje ou amanhã, mas de hoje em diante.

Você conhece alguém que esteja passando por momentos difíceis?

O que você poderia fazer por ele, ou ela, que você gostaria que fizessem por você se estivesse na mesma situação?

Como você pode ser genuinamente boa para essa pessoa?



(*) Trecho do capítulo ”Ela é tem dignidade", do livro “A mulher V – moderna, à moda antiga”, de Cristiane Cardoso


Fonte: arcauniversal

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