domingo, 6 de fevereiro de 2011

O poder das palavras

Você pode usá-las para erguer ou derrubar alguém


Todos os dias, Marcos sai de sua residência para o trabalho, com o mesmo ânimo de sempre. Tem um amigo, o qual considera ser o melhor. A esposa dele é dedicada, e sempre está disposta a cuidar bem dos filhos do casal. A menina tem 9 anos, o garoto, 11. 

No restaurante em que trabalha, Marcos batalhou muito para subir cada degrau de sua carreira. Começou como garçom, depois assistente administrativo, até que chegou a gerente. Não foi fácil, mas nunca desistiu dos desafios. 

Marcos sempre foi evangélico. Aos 15 anos de idade, batizou-se nas águas. Como um jovem cristão, nunca deixou de fazer as coisas corretamente. Separava-se das amizades que julgava serem ruins, selecionava os lugares no qual frequentava, e buscava ser fiel aos princípios adquiridos ao longo dos quase 20 anos de igreja. 

Mas um dia alguém lhe disse uma palavra que ficou marcada em sua mente. Essa palavra entrou em Marcos como uma flecha quando encontra seu alvo. E, o pior de tudo, é que ele não a arrancou de lá. A flechada causou um ferimento em sua alma. Ele se descuidou. Tentou esquecer a palavra maldita, dizendo apenas que o tempo ia se encarregar de fechar aquele buraco. O que ele não sabia é que o tempo não tem culpa de ser incapaz de resolver tudo o que jogamos em suas costas. E, por isso mesmo, sozinho, ele não consegue resolver todos os nossos problemas. 

O tempo passou. Certa vez, Marcos saiu do restaurante e foi para casa. Quando abriu a porta, viu a esposa e o melhor amigo na cama. Foi o fim para ele. Ou melhor, o início de um novo ciclo que estava apenas começando.

Desnorteado, arrumou algumas roupas em duas sacolas de viagem e saiu de casa. Deixou Guarulhos, onde morava, abandonou o emprego de gerente no restaurante, e saiu andando pelas ruas em busca de respostas. 

- Por que isso aconteceu comigo, meu Deus? Ele pensava. Marcos sumiu, corroído pela mágoa, e nunca mais a família soube notícias dele. 

Seis anos depois 

Um grupo de pessoas percorre alguns viadutos da cidade para evangelizar. Um pastor alemão, um pit bull, e uns tantos vira-latas são os primeiros a receber os visitantes. 

Surge Viviane, moradora de rua há alguns anos. Nem sabe quanto tempo já está ali. Desconhece a própria idade, mas sabe que é carioca. Nas mãos, um caderno com a frase: “Amei a vida solamente una vez, i nada mais”. Deste jeito, escrito desta forma. A vida que ela diz ter amado era de antes de ter saído de casa, arrumado suas trouxas e escapulido pelo mundo. “Minha mãe se formou em administração, no Rio. Vou ser que nem ela. Por isso que eu não largo meu caderno”, ela fala orgulhosa. 

O companheiro, ao lado, dá apoio e diz que ela vai conseguir, “com fé em Deus”. Paulo se aproxima. Falando inglês fluentemente, traz nas mãos algumas bananas e a marmita do almoço. O ar de cachaça pesou ainda mais o ambiente. Além do inglês, Paulo fala muito bem a respeito da Bíblia. Sabe versículos de cor e pede para o grupo visitante prestar atenção em suas palavras. Até se aborrece quando vê que alguém não está se interessando pelo papo. 

Já está ficando tarde. O grupo se despede. Na saída, um sussurro, quase imperceptível, clama: 

- Ei, como faço para ter a minha vida de volta? Chama um homem, rodeado por pedaços de papel, plástico e restos de comida. 

- Como? Alguém pergunta. 

- A vida que eu perdi e não tenho mais. Como faço para ter de volta? 

- Qual o seu nome? 

- Marcos. 

- Como o senhor veio parar aqui? 

Sentado, Marcos olha para baixo, levanta o olhar, e sem suportar mais o rosto tremendo, chora: 

- Um dia, alguém me disse que eu era um lixo. 

Em tempo 

O mais triste de tudo isso é que essa história é real. E ela mostra o que uma palavra lançada, com a intenção de ofender ou não, pode causar na pessoa que a recebe. Com a palavra podemos criar, como fez Deus: “Haja luz; e houve luz” (Gênesis 1:3:); levantar, como disse Pedro ao paralítico: “...Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (Atos 3:6); ou derrubar, como fez a palavra que levou Marcos ao chão. 

Marcos foi convidado pelo grupo a retornar à igreja. Muito magoado, disse que ia pensar.

2 comentários:

OBREIROS THIAGO E PATRÍCIA disse...

realmente a palavra tem poder de erguer ou derrubar alguém

gouveia disse...

O mais triste de tudo isso é que essa história é real. E ela mostra o que uma palavra lançada, com a intenção de ofender ou não, pode causar na pessoa que a recebe.

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