Neste sábado (19), bispo Edir Macedo e dona Ester completam 39 anos de casados, com um relacionamento repleto de amor e respeito
Felizes  por estarem completando suas bodas de mármore, o que corresponde a 39  anos de casados, o bispo Edir Macedo e a esposa Ester Bezerra falam em  entrevista sobre os principais ingredientes para um relacionamento  bem-sucedido.
São 39  anos de casados. Vocês chegaram às bodas de mármore.  O mármore é  sólido e a relação de vocês também. Como foi a construção deste  relacionamento através dos anos?
Quando a gente casa é uma  maravilha. E nós nos casamos pela fé, pois namoramos, noivamos e casamos  em oito meses. Não tínhamos muito conhecimento um do outro, nos casamos  em condições desvantajosas devido à situação econômica, mas casamos e  vivíamos muito bem, nosso relacionamento era maravilhoso. Combinávamos  direitinho, não tínhamos problemas, mas quando nasceu a Cristiane, nossa  primeira filha, que era muito linda, a Ester ficou dividida e aí  começaram os problemas, pois fiquei em segundo plano e senti muito.  Neste período começou a nossa fase de adaptação, porque até então tudo  estava indo tudo bem. Considero este momento uma parte de nossa  adaptação. A outra ocorreu quando a Viviane, nossa segunda filha,  nasceu. Ela nasceu doente, com lábio leporino, foi uma etapa difícil.  Mas a Viviane nos trouxe amadurecimento, foi um período em que nos  unimos, juntamos nossas forças. Nosso relacionamento melhorou muito a  partir dali e aquelas diferenças infantis por parte de ambos foram  sanadas por conta daquele problema que estávamos enfrentando. A partir  dali sempre tivemos bons momentos.
Não tiveram mais momentos ruins? 
É claro que  não posso afirmar que tudo foi 100%, pois nunca são 100%; são duas  cabeças e duas cabeças são duas cabeças!  Mesmo que os dois tenham o  Espírito Santo, são pessoas diferentes e para conciliar o gosto de ambos  é difícil.
Vocês não têm gostos parecidos?
Nossos  gostos são bem diferentes. Ela gosta de frio e eu gosto de calor. Ela  gosta de ar-condicionado, eu odeio. Ela gosta de arroz soltinho e eu de  arroz ‘papa’. São muitas bobagens, mas que nunca fizeram diferença, pois  sempre nos demos muito bem.
O que foi mais difícil para vocês no início?
No  nosso caso, o problema foi em relação à família. Quando estávamos  sozinhos era uma maravilha, mas quando chegavam meus parentes...  Se  alguém falasse algo que a Ester não gostava, aí começava o problema, as  divergências de opinião, os atritos. Eu era muito ligado à minha mãe e  se alguém falasse algo a respeito dela era briga comigo na certa! Quando  casamos, a mulher torna-se a mãe e o marido o pai da mulher, mas até  chegar a esse nível de consideração, como substitutos do pai e da mãe,  pode se passar por esses percalços dos desentendimentos. Com o tempo  isso foi superado, até pelo fato de estarmos na obra de Deus, distantes  da família. Eu agi errado em relação à minha família, pois num  relacionamento, quando entra alguém no meio, é complicado.  
Somente o amor sustentaria esse relacionamento?
Eu  não tenho nenhum receio de falar o seguinte: eu amo a Ester, sempre  amei, mas primeiro eu amo o meu Deus. Por esse temor a Ele, respeitamos o  relacionamento, a outra pessoa com quem fizemos uma aliança. Se Deus  não estivesse no nosso meio, o amor poderia ajudar muito, mas não seria  suficiente. O nosso relacionamento seria bom, mas tenderia a se  desgastar. Se não houver o Espírito Santo, que é a peça fundamental numa  união, é impossível a relação dar certo. Casamento é algo difícil, até  por conta das facilidades. Muitos, mesmo amando, não conseguem fazer  sacrifícios. Se não houver Deus no meio, a cola entre os dois, haverá a  terceira pessoa porque até o relacionamento deteriora. Eu a amo, mas se  não fosse o Espírito Santo, o temor a Deus, a presença dEle, o casamento  não teria estrutura para resistir às facilidades que o mundo oferece.
Na época em que o senhor decidiu que ela seria sua esposa, que fatores contaram mais? 
O fato de ela  ser temente a Deus, pois eu sabia que se ela não fosse temente, na hora  das dificuldades e diferenças não iria suportar e eu não ficaria com  ela. Veja como Deus é de suprema importância. Eu sabia que se cassasse e  se a pessoa não mostrasse que era de Deus, eu não seria fiel. Se eu não  me casasse com uma mulher de Deus, minha salvação, que é o mais  importante, estaria em risco. Eu já tinha namorado muitas moças e não  tinha encontrado nenhuma jovem que tivesse de acordo com a minha fé.  Quando a conheci, eu já procurava há 7 anos uma pessoa para compor uma  família.
As dificuldades financeiras nos primeiros anos de casamento afetaram o relacionamento de vocês?
Os  problemas financeiros são cruciais e podem afetar o casamento. Quando  conheci a Ester, ela vinha de uma frustração, de um problema grave. O  pai dela, que era um homem rico, perdeu tudo da noite para o dia, isso  chocou muito a ela e a família toda. Deixaram de morar numa mansão para  morar numa casa simples. Eu nunca passei por isso, pois minha família  nunca foi rica, mas nunca nos faltou nada. Esse tipo de problema não me  atingia, mas entendia o lado da Ester. Quando nos casamos, vivíamos  contando as moedinhas para comprar as coisas e muitas não podíamos  comprar. Era uma vida muito limitada, mas isso não abalava em nada o  nosso relacionamento; pelo contrário, ficávamos cada vez mais unidos.  Ela não era exigente, sabia das minhas condições.
Dona Ester  – Por causa das dificuldades, ficamos mais unidos. Muitas vezes, eu  sentia vontade de comprar algo, comer algo, falava com ele e depois me  arrependia, pois sabia que ele não tinha condições. Mas conversávamos  muito, fazíamos conta do que tínhamos para pagar.
É verdade.  Sentávamos um do lado do outro no banheiro e conversávamos sobre as  finanças. Estas dificuldades eram vivenciadas por nós dois, ninguém  sabia de nada. E isso aconteceu após o nascimento das nossas filhas,  pois antes não tínhamos estes problemas. Vivíamos de forma regrada, mas  não passávamos necessidades.
O nascimento de suas filhas foi motivo de alegria para vocês? Elas foram planejadas? 
Quando Ester  me disse que estava grávida da Cristiane, fiquei muito chateado e falei  para ela! Não foi planejado. Eu fazia de tudo para evitarmos a gravidez.  A Ester tomava anticoncepcionais e passava mal e eu fazia minha parte,  usava camisinha. Depois veio a Viviane e aí eu tive que trabalhar mais.  Saía de casa, ia trabalhar pela manhã no IBGE, depois numa outra empresa  pública, depois ia dar aulas particulares de matemática e ainda ia para  a faculdade. Chegava em casa 11 e meia da noite. 
Costuma-se  falar nas chamadas crises conjugais: dos 7, 10, 20 anos... O senhor  acredita nisso? Vocês passaram por algum momento desses?
Para quem é de Deus, não existe crise, mas isso é uma realidade. Os 7 anos realmente são muito difíceis.
O senhor falou da interferência de sua família no relacionamento de vocês. Pode falar um pouco mais sobre isso?
Quando  casei, tinha 27 anos e a Ester, 22; era muito inexperiente. Não fui  orientado pela minha família, nenhum pastor me orientou de que qualquer  interferência familiar em nosso relacionamento deveria ser evitada. Se  eu tivesse sido orientado, não teria vivido problemas com a Ester. Eu  considerava muito minha família, especialmente a minha mãe, e aí vieram  os problemas. Quando casamos, temos que sacrificar; se você não  sacrifica, então não está se casando e, sim, se amigando. Esta é a nossa  política: casou? Continue tendo respeito pelos seus pais, mas o  primeiro em sua vida é seu(sua) esposo(a)!
Qual a importância do sexo num casamento?
Acho  que a importância é 100% e deve ser considerado por todos os casais. No  início de um casamento, o sexo é o fundamental, mas para o casal de  meia idade, já não é a questão mais importante, pois existem outros  valores. O sexo ainda é fundamental e sempre será, mas existem outros  valores que foram cultivados com o tempo, como a consolidação do amor, o  companheirismo, a intimidade, entre outras virtudes.
O senhor aconselha casamento entre pessoas muito jovens?
Aconselho,  pois acho que quando o casal se une cedo tem a oportunidade de se  conhecer mutuamente e isso é saudável. Eles terão experiências ricas que  poderão dividir juntos.
Quem é mais romântico?
A  Ester sabe o quanto a amo e demonstro isso em atitudes. Por exemplo,  não gosto de ficar sem ela por perto. Realmente nos completamos, somos  muito companheiros. Demonstro meus sentimentos com minhas atitudes de  zelo e atenção para com ela.
Dona Ester –  Eu sou muito romântica, carinhosa, gosto de demonstrar isso. Já mudei  várias questões para agradá-lo. Ele prova o seu amor com atitudes,  carinho.
E a questão da fidelidade no casamento de vocês? 
Sempre disse a  Ester que o que sustenta o nosso casamento é o temor a Deus, pois se eu  não considero uma pessoa que vejo, como considerarei a que não vejo?  Por isso a importância de escolher a pessoa certa. Nós comungamos a  mesma fé. Nosso casamento foi dirigido pelo Espírito Santo, não pelos  homens.
Vocês estão sempre rodeados de pessoas. O que gostam de fazer quando estão sozinhos? O que compartilham juntos?
Eu  e Ester vivemos uma vida simples. O que mais gosto de fazer é ficar em  casa com ela, os dois sozinhos. Minhas filhas casaram e hoje temos tempo  para conversar, estar perto um do outro. Não gostamos de sair, jantar  fora, nada disso.
Dona Ester –  É verdade. Aliás, sempre que saímos, ele reclama, pois apesar de  apreciar pratos simples, é exigente, gosta de comida bem feita. Sempre  que saímos, ele reclama (risos)
O  senhor tem duas filhas casadas que sempre comentam o exemplo dado por  vocês.  Como foi a orientação sobre sexo e casamento para elas?
Sempre muito direta, sem rodeios. No dia do casamento delas, antes de eles colocarem as alianças, eu disse às duas:
“Ele agora é o  seu marido, o primeiro, antes de mim ou de sua mãe. A partir deste  momento, saímos da vida de vocês.”  Elas colocaram este ensinamento em  prática, são caxias. Às vezes, até queremos ficar um pouco mais de tempo  com elas, mas vão embora, pois sabem do papel delas. Este foi o grande  ensinamento que passei para elas e que não tive. Tanto os meus genros  como minhas filhas cuidam uns dos outros, por isso, vão criando laços,  se solidificando cada vez mais.
Nestes  33 anos de Igreja Universal, o senhor foi “cupido direto” de muitos  casais. O senhor lembra-se de alguma “indicação” sua que deu certo?  
É verdade e  são vários casamentos. Lembro do bispo Marcus Vinicius e da Ângela. Ele  era um rapaz forte, fazia fisioterapia, chamava atenção. Ela era uma  jovem dedicada, sempre na igreja, não era um modelo de beleza, ao  contrário dele. Lembro que conversei com ele sobre isso, destacando que  ela era uma pessoa de Deus e que a beleza um dia se deteriora. Ele não  aceitou inicialmente meu conselho, dizia que ela não era o tipo dele.  Mas Deus os abençoou e eles acabaram se casando.
Mas a beleza não é importante?
É  importante, sim, mas acaba. Muitas pessoas casam olhando o material, a  beleza exterior, mas isso acaba. Para você ser feliz, tem que ter paz e  para isso tem que estar casado com uma pessoa que compreenda você, seja  sua companheira, cuide de você. Ele(a) tem que ser uma pessoa de Deus.
Qual a sensação de dar um empurrãozinho para fazer as pessoas felizes nesta área em que há tanto sofrimento e solidão?
Quero  muito bem às pessoas que estão perto de mim. Desejo-lhes a felicidade  que eu tenho. Quem é de Deus quer o bem do seu próximo.
O  senhor comentou sobre as diferenças de gostos entre vocês e isso, para  alguns casais, é algo extremamente conflitante. Como conseguiram  administrar as diferenças?
Quando há a direção de Deus, é  certa a felicidade mesmo com os problemas, as diferenças e os conflitos  que possam existir. Aliás, é até bom que existam, pois é uma  oportunidade para que se conheçam um ao outro. Os atritos são  oportunidades para você conhecer os limites do outro.
É verdade que o senhor desistiu de casar com uma jovem faltando pouco tempo para o casamento? 
Sim. Era uma  jovem muito bonita da igreja que eu frequentava. Orei, teimei com Deus,  até que consegui namorá-la. Fiquei todo feliz, mas faltando dois meses  para casarmos, surgiram as dúvidas e o medo. Aí eu orei para que o  Senhor a tirasse da minha vida! Falei com Deus para me ajudar, pois  estava comprometido, numa “sinuca de bico”. Mas usei a fé inteligente e  não me casei com ela! Graças a Deus, pois depois conheci a pessoa certa.
A sua posição em relação ao casamento não pode ser considerada machista?
Não  e sei que Ester não acha isso. Temos a consciência dos nossos papéis e  lugares. A Ester não é o cabeça, o cabeça sou eu. Ela é o corpo até o  pescoço. É ela quem move a cabeça, somos um corpo, mas o Senhor Jesus é o  cabeça.  Ela precisa respeitar a minha posição e eu a posição dela. A  responsabilidade é mútua, uma aliança. Eu não tomo nenhuma decisão sem  falar com ela, porque quero que ela concorde e ela idem. Agimos desta  forma: se não concordamos em algo, procuramos rever nossos conceitos e  muitas vezes ceder em favor do outro.
Na parte espiritual, no comando da Igreja, também entram em concordância?
No  que diz respeito à parte espiritual, sou incisivo, pois sou o cabeça e  pronto! Será o que eu determinar, pois há uma liderança espiritual.  Agora, para os outros aspectos somos mais maleáveis.
Em que outra questão ela não consegue convencê-lo?
Se  a Ester quiser me convencer a comer algo que eu não queira, não  conseguirá, não dá, não farei sacrifício nenhum, pois nossos gostos são  muito diferentes (risos).
 Um conselho para quem, mesmo diante das estatísticas de divórcio e separações, quer manter o casamento feliz. 
Aconselho o  que nós praticamos. Se a pessoa não tiver o Espírito de Deus, vai dar  com os burros n’água, pois é Ele quem nos guia. Eu me converti aos 18  anos, namorei muitas garotas, tive muitas decepções, mesmo dentro da  igreja. Namorei muitas garotas fisicamente maravilhosas, mas sabia que  não daria certo. A vida de um homem depende de uma mulher, ele não pode  viver sozinho, pode ter dinheiro, mas sem uma companheira será infeliz e  miserável. Dinheiro, sucesso e beleza não vão resolver o problema, nada  sustenta um casamento se não houver primeiro o temor a Deus acima de  todas as coisas. O casamento é como duas batatas separadas. Você cozinha  e no dia do casamento vem se juntar. Se não houver o leite do Espírito  Santo, o purê não dá certo. O leite do Espírito Santo é que dá a liga,  aí não há separação.
O seu casamento pode ser considerado um referencial?
Se o considerarmos uma verdadeira aliança, do tipo com a Divina, creio que sim.
O que mais admira em sua(seu) esposa(o)?
Ela fala pouco. Para mim, isso é uma virtude indispensável no casamento.
Dona Ester – A sinceridade. O valor que ele dá à minha presença ao seu lado em todo os momentos.
Em que momento sente ou sentiu mais a falta dela(e)?
Sinto falta dela sempre que não está perto de mim.
Dona Ester – Quando fui para o hospital ter as meninas.
O que mais o(a) incomoda nela(e)?
Nada, em especial. Não significa que ela seja perfeita. Às vezes, por conta de gostos distintos, somos teimosos.
Dona Ester – Nada, o aprecio em tudo. A minha fé é contagiada todos os dias por ele.
Quem é mais ciumento na relação?
Dona Ester – Quando éramos mais novos, era ele o ciumento.
Depois destes 39 anos, o que tem a dizer a ela(e)
Não sei viver sem você.
Dona Ester – Te amo verdadeiramente e a cada dia mais.