sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Reino de Deus começa com fé e coragem


Em julho de 1992, com toda a minha família, parti para a Índia. Durante um mês, procuramos iniciar o trabalho da Igreja Universal; no entanto, não obtivemos êxito. Retornamos ao Brasil e, dessa vez, parti em direção à África, deixando minha família em São Paulo. Ainda no Brasil, eu contatei um pastor, de nome Chagas, já estabelecido em Johannesburgo, África do Sul, que se prontificou a me esperar no aeroporto.
Assim que desembarquei, nos encontramos, conversamos por alguns instantes e, logo em seguida, ele me deixou em um pequeno hotel, próximo ao aeroporto, chamado “Fórmula 1”, onde não havia restaurante, nada para comer. Andei pelas redondezas e nada encontrei. Um pequeno detalhe: eu não falava palavra alguma em inglês.
No dia seguinte, o pastor Chagas retornou e me levou até uma igreja em Bez Valley, onde, até algumas semanas antes, ele fazia cultos regularmente. Após me mostrar o lugar, as condições, os bancos e o som, ele me perguntou se eu gostaria de alugar o imóvel com tudo o que estava dentro e começar imediatamente o trabalho na África do Sul. Embora o local fosse pequeno, era bem organizado. Isso parecia um sonho para mim, pois eu havia acabado de chegar e tudo já estava pronto. Mesmo parecendo bom demais para ser verdade, aceitei imediatamente. Telefonei para o Bispo Macedo, que ficou bastante animado e prometeu-me enviar, nos próximos dias, um pastor norte-americano chamado David.
Alguns dias depois, já com a família e com o pastor David, nós começamos a trabalhar. Então, descobri que o local onde a Igreja estava localizada parecia um verdadeiro deserto. Ninguém passava na rua e as pessoas, a maioria branca, não saíam de casa. Mesmo assim, começamos a evangelizar de porta em porta. Lembro de várias vezes ficarmos na porta da Igreja e, quando avistávamos uma pessoa ainda ao longe, nossa expectativa era que ela estava atendendo ao nosso convite. Porém, a maioria passava direto. Descobrimos, então, que o pastor Chagas havia desistido daquele lugar para trabalhar em La Rochelle, onde havia uma grande concentração de portugueses. Não nos abatemos. Continuamos o trabalho e, após algumas semanas, colocamos testemunhos com o endereço da Igreja em um jornal português. A partir daí, pessoas chegavam de todas as partes. Lembro-me de um domingo pela manhã quando um carro estacionou e nele estava o Dr. José Guerra e toda sua família, que, por sinal, permanecem na IURD de Maputo até hoje. Eles foram através do testemunho no jornal.
A Igreja em Bez Valley estava se desenvolvendo, já tínhamos reuniões com todos os lugares ocupados. Mas sabíamos que a África é um continente negro. Em uma ocasião, por convite do Dr. José Guerra, fomos a Maputo, em Moçambique. Era o maior cinema da cidade e lá realizamos uma Concentração de Fé para mais de 3 mil pessoas. Algo ficou marcado nessa reunião: no momento da oração, precisamos parar, pois parecia que a maioria estava manifestada com demônios. Para ajudar aquelas pessoas, só havia eu, um pastor e nossas respectivas esposas. Observei, então, que o Dr. Guerra estava gravando o culto. Imediatamente, virei para a câmera e fiz um apelo para que quem assistisse ao vídeo no Brasil fosse tocado para lutar em favor daquelas almas. O interessante é que até hoje eu encontro pastores, na época obreiros, que foram tocados e tomaram a decisão de servir a Deus naquele momento. Outro fato importante foi em relação ao dízimo. Os envelopes não foram suficientes e ninguém queria ir embora sem eles. Havia uma sede naquelas pessoas de fazer o que estava sendo ensinado.
Voltando à África do Sul, decidimos que trabalharíamos com os negros. Conversamos com o Pr. Chagas, o proprietário da nossa Igreja em Bez Valley. Falamos do nosso desejo de iniciar esse trabalho no Soweto. Para nossa surpresa, ele disse que isso seria a pior coisa que poderíamos fazer, que nem deveríamos pensar em ir para lá, o maior bairro negro do mundo. Segundo ele, tratava-se de um lugar sem lei, muito perigoso e que uma pessoa da igreja dele havia sido esfaqueada, simplesmente porque era branca. Recordo-me de que quando comentei isso com o Bispo Macedo, ouvi que estas palavras eram um grande sinal do que Deus queria fazer naquele lugar. Partimos para lá eu e o Pr. David (norte-americano, branco, louro de olhos claros). Daquele momento em diante, o Espírito Santo realmente abriu as portas. Imediatamente encontramos uma garagem de tratores e caminhões, a maior construção daquele local na época, que havia acabado de fechar. Alugamos o imóvel e, após algumas modificações, inauguramos a Igreja. O primeiro pastor foi o David, o norte-americano branco. Durante as reuniões, as pessoas admiradas alisavam os cabelos de Tody, filho dele. Aquela experiência era nova para elas: gente branca dentro do Soweto. O trabalho cresceu, as pessoas perceberam que a Igreja Universal era diferente, que estávamos ali realmente para ajudá-las e levá-las ao Reino de Deus. Hoje, no Soweto está a maior e mais bonita catedral do mundo.
O Pr. Chagas foi muito importante para o início da Igreja na África do Sul. Lembro-me de outra ocasião em que, atendendo a um convite, fomos à casa dele para um jantar. Comentamos que estávamos em negociação para alugar um imóvel em Joubert Park, no centro de Johannesburgo. Ele, que já estava na África havia muito tempo e conhecia muito bem a situação política e social, nos disse que, em breve, o país estaria em guerra e que Joubert Park era uma panela de pressão prestes a explodir. Disse também que se eu tivesse amor pela minha família, deveria fazer o mesmo que ele: arrumar tudo para ir embora. Entendi, então, que o jantar era de despedida. Dessa vez, não precisei ligar para o Bispo Macedo. Fomos em frente e inauguramos a Igreja. Esta enchia tanto que as paredes ficavam molhadas. Um dia, o Bispo Macedo, após uma reunião em uma de suas visitas à África, passou em frente a uma igreja Anglicana, que trabalhava só para os brancos, e ficou revoltado. Disse para Deus que não aceitava a multidão no calor do subsolo enquanto aquela construção em frente estava vazia. Aquilo era uma afronta para o povo de Deus. Compramos o local e construímos uma grande catedral para aproximadamente 2 mil pessoas, que hoje precisou ser demolida para a construção de uma catedral muito maior.
Bispo Gonçalves

Fonte: Blog do Bispo Macedo

 

 

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