Na Zâmbia, voluntários chegaram a ser presos e acusados de satanismo, mas nem isso pôde parar o trabalho evangelístico no país
Templo principal da Universal, em Lusaka
A Zâmbia, país situado no continente africano, se declara oficialmente uma nação cristã. Entretanto, as variedades de tradições religiosas existentes fazem com que grande parte de sua população confunda a fé bíblica com ensinamentos religiosos, que não trazem nenhum proveito concreto para a vida de quem os pratica, pelo contrário, causam muitos transtornos.
Transtornos esses que vão além dos problemas socioeconômicos sofridos – haja vista que a maioria dos habitantes vive abaixo da linha de pobreza e o número de infectados pelo HIV chega a 14% –, mas se estendem à intolerância religiosa aos que anunciam a Palavra da Salvação.
A Universal está presente no país africano desde 1995, e os voluntários da Igreja têm sentido na pele o fogo dessa perseguição, já anunciada pelo Senhor Jesus em João 15.20, quando disse: “Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.”
Multidão clamando a Deus no templo principal
Atual responsável pelo trabalho evangelístico no país, o bispo Guilherme da Silveira conta que a luta é intensa e diária, pois até acusados de prática de satanismo os missionários já foram. “Eles nos acusaram de beber sangue e comer carne humana. Em 2005 e 2006, a Igreja foi apedrejada, teve a placa de identificação queimada e carros depredados. Pastores foram deportados, tirados de suas casas, à noite, sem as esposas e filhos. Os membros também sofreram muito, pois foram jogados na rua, tiveram seus filhos expulsos de escolas pela própria direção. Mulheres apanharam de seus maridos, centenas de pessoas perderam o emprego. Só porque eram membros da Igreja, foram ridicularizados por vizinhos e familiares”, recorda o bispo.
Flavia Barcelos, ao lado do esposo e filho
Flavia Barcelos, atualmente fazendo a Obra de Deus na Inglaterra, viveu esse período turbulento de perseguição, pois seu marido era um dos pastores que estavam dentro do templo que foi destruído na Zâmbia. Momentos que para ela ficarão para sempre marcados e que foram registrados em detalhes em seu blog . “O meu coração foi na boca. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Nós já morávamos e trabalhávamos naquele lugar havia mais de 4 anos. Tudo sempre foi muito tranquilo e as pessoas sempre tão amorosas. Não sabíamos de fato o total do estrago. Foi apenas quando os nossos maridos voltaram para casa, no final da tarde, que pudemos então, finalmente, saber. Eles pareciam com aquelas pessoas que vemos na televisão ao voltarem de uma guerra. Estavam sujos, suados, os olhos esbugalhados, e com a inesquecível aparência de terror estampadas em seus rostos.”
O trabalho não cessa
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Apesar dos momentos de terror vividos no passado, a situação da Universal no país hoje está bem mais tranquila. Mesmo com algum preconceito da parte dos que acreditaram nas mentiras divulgadas, já é possível perceber uma diferença na aceitação dos voluntários da Igreja durante as evangelizações em comunidades carentes e em trabalhos sociais.
“Nós não paramos. Estamos com três programas de rádio que atingem diferentes áreas do país. Contamos também com um cenáculo principal, duas igrejas e um trabalho especial. Batizamos cerca de 80 pessoas todos os meses. Além disso, o trabalho do Força Jovem tem sido intensificado a cada dia em evangelização, fora os outros grupos de visitas a hospitais, o Godllywood, nossos obreiros, todos olhando para um só alvo: ganhar almas”, explica o bispo.
Força Jovem da Zâmbia levando donativos a Orfanato
De fato, a preocupação está em iluminar o interior das pessoas, para que a luz brilhe de tal forma que todos em volta possam ver, como faz questão de enfatizar o pastor Alan Nixon, de 37 anos, que realiza um trabalho especial com os jovens no país. “O que me fez largar tudo e me entregar na Obra de Deus foi a vontade de ajudar outras pessoas, pois assim como Jesus me libertou dos vícios de bebidas, drogas, sexo e da marginalidade, também queria ajudar os outros”, confessa.
O chamado para o altar foi tão forte dentro dele que nem mesmo as humilhações por qual passou – apenas por querer fazer o bem – fizeram com que sua fé diminuísse. “Já fiquei 11 anos sem visitar a família. Fomos presos na África do Sul, passamos 2 dias e 3 noites encarcerados eu e minha esposa, por alegação de visto falso. Já fomos escorraçados por muçulmanos na Tanzânia, acusados de satanistas, isso porque eu tenho uma prótese dentária que coloquei porque sofri um acidente, antes de me converter. Certa vez, quando eu estava evangelizando, cinco rapazes perceberam essa prótese na minha boca e deduziram que esses metais seriam para comer carne humana”, recorda.
Pastor Alan orando em mulher que sofreu queimaduras enquanto cozinhava
Enfim, fazer a Obra é para homens e mulheres de Deus que desprezam todas as adversidades e olham apenas para o autor e consumador da fé: o Senhor Jesus. “Ainda existe muito a ser feito por esse povo tão sofrido, mas, com a força que existe nestes jovens, e a direção que Deus Pai tem nos dado, com certeza nós iremos chegar lá”, conclui o pastor, que apesar de ter sido recebido com “pedras” no passado, faz questão de entregar a vida, diariamente, por um povo desconhecido.
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